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Auditoria confirma grilagem de mais de 1.400 hectares de terras públicas no Sul do Piauí

Operação policial prende dois suspeitos de envolvimento em desmatamento e ocupação ilegal de área que inclui 333 hectares de Mata Atlântica, bioma protegido por lei.

23/05/2025 às 14h04

23/05/2025 às 14h04

Uma auditoria realizada pelo Instituto de Terras do Piauí (INTERPI) confirmou a ocupação irregular de 1.432 hectares de terras públicas no sul do estado. Do total, 333 hectares pertencem à Mata Atlântica, um bioma considerado de preservação permanente e protegido por legislação ambiental.

A descoberta levou à deflagração de uma operação coordenada pela Secretaria de Segurança Pública do Piauí (SSP-PI), com apoio das Polícias Civis do Piauí, Paraná e Mato Grosso, além da Polícia Militar do Mato Grosso e da Superintendência de Operações Integradas (SOI). A ação resultou na prisão de dois homens suspeitos de envolvimento no esquema: J.M.D., gerente, e R.M., proprietário da Fazenda Mundo Novo, localizada entre os municípios de Manoel Emídio e Alvorada do Gurguéia.

Mais de 300 hectares em ocupação irregular pertencem à Mata Atlântica, bioma protegido por lei - (Divulgação/Rede de ONGs) Divulgação/Rede de ONGs
Mais de 300 hectares em ocupação irregular pertencem à Mata Atlântica, bioma protegido por lei

As investigações tiveram início em 2024, após denúncias sobre crimes ambientais e grilagem de terras. Em uma das primeiras diligências, dois tratoristas foram presos em flagrante durante o desmatamento da área. Eles afirmaram ter sido contratados pelo gerente da fazenda e alegaram desconhecer que se tratava de terras públicas.

“Pela primeira vez, realizamos a prisão de um gerente de fazenda e de um empresário do agronegócio, ambos atuando em uma propriedade da região. Foi um longo período de investigação, iniciado a partir de uma denúncia feita à SEMAR, relatando desmatamento na área. No local, constatamos o desmatamento ilegal. À epóca da fiscalização, dois funcionários da propriedade foram detidos e encaminhados à Delegacia de Bom Jesus, onde confessaram que estavam trabalhando a mando do gerente da fazenda", afirma o delegado de Meio Ambiente, Willame Moraes.

Segundo a Polícia Civil, além da ocupação irregular, há indícios de falsificação de documentos, corrupção de servidores públicos e outros crimes, como ameaça, porte ilegal de armas e incêndio criminoso. O objetivo do esquema seria legalizar e revender as terras com alto lucro, apesar de pertencerem ao estado.

Os investigados responderão por organização criminosa, invasão de terras públicas (grilagem), desmatamento ilegal, destruição de floresta protegida e outros delitos. Ambos estão à disposição da Justiça do Piauí para os procedimentos legais cabíveis.

O que é grilagem de terras?

Grilagem é o nome dado à prática ilegal de tomar posse de terras públicas ou privadas utilizando-se de documentos falsificados. O termo tem origem no costume antigo de guardar papéis em caixas com grilos, para que os documentos ganhassem aparência envelhecida e parecessem autênticos. Hoje, a grilagem é considerada crime grave, por geralmente estar associada a outras infrações, como desmatamento, corrupção e violência no campo.

Essa prática tem grande impacto ambiental e social, especialmente em regiões de fronteira agrícola, como o sul do Piauí, onde há disputa por áreas públicas e de preservação permanente.


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